Não me recordo do primeiro livro que li, mas não sou capaz de me esquecer daquele que, pela primeira vez, me transportou a outro mundo e me fez mergulhar em milhares de outras páginas de sabedoria: As Pequenas Memórias, de José Saramago. Devia ter uns treze ou catorze anos quando o li, mas ainda tenho algumas frases gravadas na minha memória.
Esta recordação surgiu a propósito de um parágrafo de um dos meus livros preferidos que diz o seguinte:
«Numa ocasião ouvi um cliente habitual comentar na livraria do meu pai que poucas coisas marcam tanto um leitor como o primeiro livro que realmente abre caminho até ao seu coração. Aquelas primeiras imagens, o eco dessas palavras que julgamos ter deixado para trás, acompanham-nos toda a vida e esculpem um palácio na nossa memória ao qual, mais tarde ou mais cedo - não importa quantos livros leiamos, quantos mundos descubramos, tudo quanto aprendamos ou esqueçamos -, vamos regressar. Para mim aquelas páginas enfeitiçadas serão sempre as que encontrei entre os corredores do Cemitério dos Livros Esquecidos.»
A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón
Estes dois grandes livros são hoje relembrados porque eu nunca os teria encontrado se alguém não me tivesse guiado por entre os corredores de um Cemitério de livros que não estão esquecidos, mas que eu nunca iria descobrir para hoje os poder recordar. E porque é no recordar que se vive... parabéns, Mestre.
And I'll be there waiting for a cup of coffee.
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